17 de setembro de 2009

Hoje fala o Costa (2)

Vivemos uma época com processos e modelos curiosos: não foi possível a execução de um condenado à morte nos Estados Unidos, que esperava à 20 anos no corredor da morte, porque, durante 2 horas, a equipa médica não conseguiu dar-lhe a injecção letal por não lhe encontrar veias que a suportassem. Ao que parece, resultado da dependência das drogas do condenado.

Na política portuguesa, guardando as devidas distâncias, parece haver modelo similar: há muitos anos que os portugueses dizem, figurativamente, que os seus políticos precisam de uma injecção letal mas parece que não conseguem encontrar-lhes as veias. Talvez por os “condenados” estarem drogados com o poder.
Para comprovar isto basta ouvir os portugueses comuns no dia-a-dia, o Prof. Adriano Moreira (velho conservador, considerado uma pessoa inteligente e insuspeito de esquerdista maldizente, que disse hoje que os eleitores vão escolher o menos péssimo dos candidatos a 1º Ministro) ou verificar que um programa humorístico como o Gato Fedorento foi visto na entrevista “a brincar” com Ferreira Leite pelo dobro dos portugueses que tinham visto o debate “a sério” Sócrates/Ferreira Leite.

Só posso concluir que a questão da maioria absoluta é uma treta porque depende da formulação da pergunta: se fosse pedido aos portugueses para votarem aprovando o descrédito dos seus políticos, estou certo que, pelo menos os que estão mais próximos do poder, obteriam largas maiorias absolutas.

A propósito do programa dos Gato Fedorento: os políticos até agora ouvidos têm ultrapassado as minhas expectativas relativamente ao seu bom humor. Têm-me feito perceber como têm conseguido, nos últimos 20 anos, pôr, ao mesmo tempo, a rir a bandeiras despregadas os banqueiros, os especuladores, os amigos bem empregados, os cartéis das obras públicas e a rir até às lágrimas os desempregados, os jovens a recibo verde, os que não podem pagar a casa com o seu salário mínimo.
Francisco Costa Duarte

13 de setembro de 2009

Hoje Fala o Costa (1)

Embora o Costa me tenha dito que não é o Rocha, não posso deixar de discordar e dar o pontapé de saída com este tema da nossa política caseira

Ouvi, integralmente, o debate Sócrates/Ferreira Leite. Digo ouvi porque estava em viagem e, portanto, não vi os sorrisos encantadores, os olhares sedutores, os piscares de olho ao eleitorado cúmplice, a determinação na pose para cativar os indecisos, a adequação das vestimentas para os eleitores estético/formalistas. Como não sei nada dessas estratégias de comunicação (a nossa querida taitiana Fátima é que poderá dar-nos uma ajuda) para mim nada altera. Como nestas alturas passamos logo a chupar comentários que vão ser "notícia" durante, 3 dias, não vos quero privar do meu comentário imediato, a quente:
1- Nada que não soubessemos já: a política de verdade da Dra. Ferreira Leite tem muitas mentiras, omissões e meias-verdades; a política de propaganda do Engº Sócrates tem muita propaganda, algumas mentiras e algumas verdades; No fundo o desejo de ajudar a generalidade dos portugueses é comum, as profundezas, às vezes, é que assustam!
2 - Concluí do debate o seguinte, em forma de metáfora (que, se não é, poderia ser bíblica):
- Imaginem que são muito ricos, filantropos, caridosos e boas pessoas (lamento e/ou desculpem, se me engano nalguma das preposições);
- que não têm filhos mas dois sobrinhos que herdarão a vossa fortuna e a vossa obra:
- o mais velho não parece dizer coisa com coisa, o pouco que diz não bate com o pouco que fez, parecendo disléxico, ausente e de pouca inteligência;
- o mais novo é activo e faz umas coisas - mesmo que sem escrúpulos - bem parecido e bem falante, auto-convencido que não ouve ninguém e apanhado em algumas aldrabices;
A quem deixariam a vossa fortuna e a direcção da vossa obra filantrópica? Ao mais velho, que provavelmente faria falir tudo nos 2 anos seguintes? Ou ao mais novo, que rentabilizaria o vosso património, ainda que, se calhar, deixasse cair a vossa obra filantrópica e caridosa?
Não estão a ver, pessoas avisadas, como fazer dois em um, dando uma lição de vida aos pretensiosos e procurando um melhor futuro?
Deserdariam os sobrinhos, fariam uma Fundação e procuravam alguém que achassem competente!
Bolas, até um capitalista do tempo do fascismo percebeu isso!

Francisco Costa Duarte


5 de setembro de 2009

Hoje fala o Costa!...

Os rapazes da minha idade ainda se lembrarão, dos tempos da censura e do jornal República, assim como do pregão dos ardinas de Lisboa que agitavam as massas quando o Rocha Martins dava umas alfinetadas no regime fascista. Diziam eles: "Hoje fala o Rocha, o Salazar está à brocha!

Esta ideia inspirou-me para, por um lado lançar um repto, por outro abrir nova "coluna" nos uivos...

Caro Costa fica o convite: Colabore nos Uivos. Terei muito gosto em abrir um utilizador para que possa postar directamente aqui.

Para já fica o primeiro "Hoje fala o Costa e os pseudo democratas ficam à brocha!"

Carta de Consolo à Sra. Ministra da Educação

Dra. Maria de Lourdes,

Não estou, por preguiça, a interrogar-me se merece que eu a console. Mas, por impulso humanitário, tenho sempre a tendência de consolar os derrotados da vida, porque somos, todos nós, vítimas ou culpados das nossas circunstâncias. É que a Sra. Dra., antes de Ministra, já estava ligada à Educação e era suposto conhecer os seus problemas. Que não duvido que conhecesse: procurou combater o corporativismo, a falta de produtividade, o desinteresse generalizado, a falta de avaliação, problemas crónicos de um ensino que não prepara para a vida. Só que, digo eu em linguagem futebolística, fê-lo, não como treinador que merece respeito e admiração pelos seus conhecimentos de comunicação, didácticos, tácticos, psicológicos, mas como futebolista de baixo nível: procurou resolver os problemas que se lhe depararam, não com o cérebro mas com os pés. No futebol, estas situações acabam sempre com a perda da bola ou com cartão amarelo ou vermelho. Terá sido isto que lhe terá acontecido: meteu no mesmo saco bons e maus professores, baixou fasquias para a estatística, afogou escolas e professores em burocracia em vez de criatividade e eficiência, isto é, em futebolês, falhou demasiados passes, não marcou golos, porque nunca passou do meio-campo, onde o jogo é chato e não cativa os espectadores pagantes.

Porque estou eu a tentar consolá-la? Porque o Sr. Primeiro-Ministro a desautorizou e à sua forma de dirigir politicamente a educação, mesmo que a Sra. Dra. diga que não. A Sra. Dra. é descartável, para que o sistema possa dizer, no período eleitoral, que tem uma "paixão pela Educação" e que a Sra. Dra. foi, apenas, um "pequeno erro de casting".

Não pretendo ensinar o conto ao vigário mas aconselho-a a reflectir no seguinte: há cursos universitários específicos para formar médicos, engenheiros, economistas, juristas. Porque não há cursos idênticos para formar políticos profissionais que nunca fizeram outra coisa na vida real e se formaram em escolas de juventude partidária? Porque esses cursos teriam de ter no seu programa de curso disciplinas como "Cinismo Aplicado", "Mentir com Glamour", "Propaganda", "Falta de Ética", "Verdade hoje, mentira amanhã", "Como Vender sem explicar", "Como premiar indefectíveis", "Vale mais um que não chateia que um competente", "A importância do dobrar a espinha para aparecer a oportunidade", "Vale mais a arrogância que a firmeza", etc.. Isto é, tudo cadeiras tabu, politicamente incorrectas, que se praticam mas de que não se pode falar. Para além de o curso não poder ser homologado sem bronca pelo seu colega do Ensino Superior.

Também não a aconselho a lamentar-se do modo como foi tratada pelo seu Primeiro-Ministro! Diz o povo que não se deve morder a mão que nos deu o pão, como faz actualmente um ex-delfim de Guterres. O Sr. Primeiro-Ministro está a fazer bem o papel da sua circunstância. Mesmo que pensemos que não deveria ser assim. Lembre-se dos seus conhecimentos de Sociologia: Salazar dava sempre grandes tachos aos ministros que corria, para não chatearem, e, depois do 25 de Abril, temos muitos exemplos de premiar incompetências, também para não chatearem. Aproveite a onda!

Aceite um cumprimento de consolo

Francisco Costa Duarte

2 de Setembro de 2009