31 de agosto de 2007

Relembrando António Aleixo

Quando Salazar em 1945 prometeu eleições "tão livres como na livre Inglaterra" o poeta escreveu estas quadras:

Ao sentir tremer o trono,
P'ra o mundo não fez segredo:
Prometeu, talvez por medo,
Que dava o seu a seu dono...

Este sujeito é capaz
De nos fazer mil promessas...
Mas faz-nos tudo às avessas
Das promessas que nos faz!

Mas eu não sou quem procuras...
Sei, contra tua vontade,
Que me mentes, quando juras
Que me dizes a verdade.

Prometem ao Zé Povinho
Liberdade, Lar e Pão...
Como se o mundo inteirinho
Não soubesse o que eles são!

Fonte: "Inéditos" António Aleixo
Edição de Vitalino Martins Aleixo (filho do poeta)
Loulé 1978

Apesar de já termos "eleições democráticas"(*) afinal ainda padecemos de algumas queixas que o poeta referia no seu tempo (tempo de fascismo!) .
Continuam todos a prometer "
Liberdade, Lar e Pão...
Como se o mundo inteirinho
Não soubesse o que eles são!"

Que pena o António Aleixo já não estar entre nós!...
Matéria não lhe faltaria para as suas quadras.

(*) - "eleições democráticas e representativas" ou seja: Vota aí para eu fazer o que eu quero e não o que tu pensas que é preciso. Este é o pensamento e a forma de agir da "casta" instalada no poder. Democracia para quem manda e canga para quem tem de obedecer.