7 de janeiro de 2017

Uma inesperada "prenda" de Natal


Nada faria prever que passados uns dias após ter tido uma amena cavaqueira com o TiagoCarrondo acerca do projecto Fairphone e logo na ante-véspera do Natal viesse a encontrar um postal da DHL na minha caixa de correio.
Não tinha comprado nada, não esperava nenhuma encomenda…
Vai daí comecei por recordar que me tinha inscrito no canal Fairphone 2 + Ubuntu Touch por curiosidade. Tinha também trocado E-Mails com uma Marketeer do Fairphone.

Como já há muitos anos que não acredito nem costumo esperar pelo “Pai Natal” resolvi pôr tudo em pratos limpos, ligando para a DHL para ter mais elementos. Cheguei à conclusão que a coisa vinha da Holanda. Pois claro era um Fairphone que estava a chegar.


A primeira impressão foi muito curiosa porque ali estava um telefone que não fazia chamadas (nem sequer o SIM reconhece) mas que prometia umas boas horas de “luta” para o começar a conhecer.

Esquecendo que o Ubuntu nele instalado ainda é uma versão pré-Alpha e por isso muito condicionada pus-me a actualizar o software para a versão 11 que lá estava disponível…

Resultado: O telefone bloqueou e não mais reiniciou.

Como nestas coisas, muitas vezes, é assim que se aprende, lá me pus a ler as centenas de mensagens trocadas pelos muitos técnicos participantes no canal Fairphone 2 + Ubuntu Touch do Telegram.








 
Antes de continuar a descrever esta aventura gostava de deixar aqui já um link para o projectoFairphone. Vale a pena conhecer.

 
Quero destacar desde já um ponto importantíssimo: Ao contrário das grandes marcas que vendem produtos FECHADOS sem que o utilizador possa adaptar, modificar e usar os meios tecnológicos como quer, O Fairphone com Ubuntu Touch é uma peça que trará a LIBERDADE de se usar um telefone sem estar sujeito às regras rígidas do hardware e software proprietários. Não é importante? A papinha está toda feita? E os custos disso?

Acredito num futuro não muito remoto em que o utilizador é quem vai MANDAR. O fim da era de milionários esquizofrénicos, tão “espertos” que quase comandam a indústria como se um cartel de droga se tratasse…”

 
Dois dias depois…

Após o “repasto natalício” pus-me a pesquisar como sair da dormência pouco “justa” e aqui, mais uma vez, sublinho a diferença de se estar dependente de uma assistência PAGA ou então optar por pertencer a uma comunidade mundial com milhões de utilizadores, programadores e entusiastas que trocando entre si experiências, ajudam a resolver os problemas que vão surgindo.
Mas voltemos ao caso: Após várias incursões por esta página enchi-me de coragem para percorrer o caminho indicado no guia tendo em vista recuperar o software do telefone.
Ao mesmo tempo comecei a fazer perguntas no canal do Fairphone- Ubuntu Touch do Telegram.

Pôr o telefone em fastboot e entrar no recovery… Ui que coisas tão amedrontadoras para um leigo. Afinal nem tem muito que se lhe diga. O medo de errar é que nos trava!

O procedimento de facto não é muito amigável e leva o seu tempo a interiorizar. Botão de volume para cima, botão do volume para baixo, premindo ao mesmo tempo o botão de ligar. Veio-me à memória um post do Ubuntu-pt-UbuntuPhoners, quando alguém, referindo-se ao Fairphone, confessava que o que gostava mesmo era de ter um telefone com interruptores, botões e tudo!

Lá fui progredindo: Primeiro não conseguia entrar em fastboot, vim a descobrir que o cabo USB que usava não prestava para isso, depois de usar outro lá me alegrei quando apareceu a mensagem desejada no terminal. Reparem que apesar das adversidades as etapas iam-se cumprindo a caminho do objectivo. Agora já não era possível desistir e a coisa passou quase a ser uma obsessão.

 
Graças ao meu “MacBook-Killer” artilhado com o Ubuntu 16.04 LTS foi-me possível recuperar o Ubuntu Touch no Fairphone depois de instalarsoftware para o efeito
Vale a pena referir que o laptop que uso teria custado uns 1500 € se fosse de marca (Windows ou Mac). Na Assismática adquiri um maquinão e não chegou a 800 €.

E lá estava o Fairphone a olhar para mim e a perguntar: Então quando é que me consegues “Rebootar”?…


Reiniciado o caminho para colocar o Fairphone em fastboot lá consegui cumprir todas as etapas até ter a máquina pronta para o recovery.


Os ficheiros descarregados para
o laptop iam agora
ser transferidos
para o Fairphone.

 
Um erro inesperado: Depois de copiar os comandos assinalados no guia deparei-me com uma situação caricata:


Este era o comando a ser dado no terminal:

 
Quem é bom observador? (não vale ver a solução abaixo)

 
Um comando mal copiado (incompleto) não me deixava completar o processo.
Como resolvi?
Recorrendo à “ajuda on-line”


  Ultrapassado o erro comecei a ver no terminal o processo de descarga da versão 9 do Ubports a correr.

 
Depois de um bom bocado o telefone vibrou e fez o Reinício!

 
Eis o Ubuntu a “abrir” no Fairphone:



Depois foi completar o Passo 6 (Flashar o Fairphone com o “Ubuntu+Fairphone image”

 
Finalizo este testemunho agradecendo primeiro a possibilidade de ter tido o Fairphone para testar, a todos os que me ajudaram a aprender mais umas coisas neste mundo fantástico do Software Livre. Sei bem que é um terreno fértil em discussão, encontros e desencontros por muita gente boa que quer contribuir para o seu desenvolvimento e expansão.

Do ponto de vista dos Princípios situo-me como um modesto utilizador do GNU/LINUX, aberto às mensagens dos defensores do Open Source mas muito atento aos alertas da FSF(Free Software Foundation) à FSFE e à ANSOL da qual sou associado.

Comecei a utilizar e a cooperar com o Ubuntu em Janeiro de 2007 e confesso que é a distro que mais gosto. Tenho também utilizado e testado outras variantes como o Ubuntu Mate, que tenho numa máquina mais velha (ASUS A6JC com cerca de 12 anos).
Foi precisamente essa máquina que substituí este ano cedendo o A6JC à minha filha.
Tudo se pode substituir cedendo o que ainda é válido a outros. Esse é o princípio que tenho esperança se mantenha no campo do Software Livre: Evoluir sem Destruir!

Uma palavra final aos companheiros do Ubuntu-pt. Que o Novo Ano que se aproxima nos traga forças e engenho para engrandecermos o GNU/LINUX Ubuntu.

Obrigado a Todos!


Nota final:

São LIVRES de criticar, partilhar, alterar o que quiserem.
Que textos como este possam entusiasmar qualquer um a libertar-se das muitas “grilhetas digitais” que por aí andam.
Acreditem é a única forma de contribuir para o desenvolvimento sustentado da Humanidade.