Ontem quando me disseste já com bastante dificuldade: Até amanhã, senti que era quase uma despedida.
Acabo de saber que enfim descansaste.
O filme volta todo para trás e de repente vêm-me à memória tantos momentos que vivemos com generosidade e esperança: O 25 de Abril de 1974, as lutas que travámos na empresa onde eu e a tua companheira Adélia trabalhávamos; Foi por isso que nos conhecemos; A luta da Rádio Renascença ocupada pelos trabalhadores, em que tu pertencias à CT; O tenebroso 25 de Novembro de 1975 que foi o ponto final numa História que poderia ter sido BELA e que degenerou nas troikas da puta que os pariu.
Esta é a imagem que guardarei de ti:
Foste um lutador toda a tua vida e por isso nutrias um profundo amor pelo teu próximo, nunca esquecendo as contradições do ser humano.
Adoravas a Guiné-Bissau e a gloriosa História da Revolução conduzida por Amílcar Cabral. Não poupavas os traidores e os corruptos e até tiveste algumas chatices com o blogue que alimentavas
Para nós que acreditamos que a revolução é um acto de amor fica claro que tu tinhas que deixar um rasto de profunda sensibilidade humana. Foi para o teu neto, o teu herói preferido, de quem falavas com tanta admiração, que deixaste uma memória tão bonita
Para finalizar um espólio de memórias (algumas bem amargas) a que te deste ao trabalho de vasculhar bem no fundo dum baú vindo da "noite negra do fascismo"
Fica aqui a minha singela homenagem ao companheiro Carlos Filipe, homem de firmes convicções e princípios, coisa que hoje já é pouco comum.
Até sempre companheiro!
1 comentário:
Jaime é essa a memória com que fico dele. Do que passamos juntos, do que ele contou e das nossas longas conversas onde recordamos quarenta e cinco anos.
Permita-me que me junte a si num até sempre Filipe
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