19 de novembro de 2011

As troikas sempre estiveram cá dentro

Vem isto a propósito das manifestações de repúdio de alguns políticos e comentadores, assim como algumas personalidades e representantes das elites no poder, acerca das recentes exigências dos "funcionários" da troika, já apelidados de 5.ª e 7ª linha.


Num artigo publicado num jornal em 9 de Maio de 1975 a propósito da luta dos trabalhadores da então C.R.G.E (Companhias Reunidas do Gás e Electricidade) encontramos a intervenção de um trabalhador numa assembleia magna de que destacamos a passagem seguinte:
"Será verdadeira a afirmação da B.B.C. de que os lucros reais da empresa foram largamente superiores aos declarados, escapando-se ilegalmente do País uma boa parte do excedente?"; "Será verdade que o nosso corpo técnico é tão incompetente que a companhia necessita utilizar para estudos e assistência técnica uma empresa belga paga principescamente, a qual confia os trabalhos a empreiteiros escolhidos e pagos do mesmo modo?"; Será prova de incompetência nacional o facto de entre 12 administradores, apenas um, o estrangeiro, tomar todas as decisões?"
Aludindo à situação do pessoal, o mesmo trabalhador salientou a má qualificação de funções; impossibilidade de acesso a lugares de melhor remuneração, os quais quase sempre são atribuídos indevidamente (a cunha impera escandalosamente), desprezo pela capacidade e aptidão profissional dos indivíduos e coacção médica para aposentação dos empregados tentando libertar a empresa de encargos sociais."
Como se pode constatar troikas, fugas de capitais, e obtenção de bons cargos por "cunha" são práticas que vêm de longe...
Tão actual que podia ter sido escrito hoje.
Esta realidade não deixa de ser reveladora e inquietante provando que este SISTEMA já nada tinha para dar, e que perdurou até aos dias de hoje, continuando a apodrecer, privando, entretanto, milhões de terem uma vida melhor e mais digna para continuar a alimentar a sofreguidão de umas centenas.