8 de julho de 2015

Já lá vão 40 anos...


mas nós não esquecemos aquele período tão feliz da nossa vida, mesmo a viver em piores condições.
De Abril de 1974 a Novembro de 1975 tudo aconteceu de rompante, como se as horas fossem anos, tal era a velocidade dos acontecimentos.
Recordo-me da alegria que se apoderou de toda a gente comum, das assembleias infindáveis no bairro e na empresa, do conhecimento do país real e da miséria e o atraso em que o fascismo o tinha mergulhado.
Desde muito cedo acompanhámos a participação activa do Américo Duarte nas mudanças que se exerceram no bairro, na freguesia de Queluz, na LISNAVE e mais tarde na UDP, nos GDUP's e na OUT, estas duas últimas saídas da candidatura do Otelo à Presidência.
Muito haveria para recordar mas por agora ficamos por aqui. Quem sabe, talvez qualquer dia comecemos a contar as recordações e os “restos” dos documentos, histórias etc, para memória futura. 
Isto tudo a propósito do convívio recente que tivemos a oportunidade de viver com o Américo Duarte, o primeiro deputado operário eleito para a Assembleia Constituinte depois do 25 de Abril de 1974, e das recordações que esse acontecimento nos trouxe, consequência de um almoço de convívio de velhos companheiros de luta, principalmentede Queluz.

Américo Duarte com 31 anos quando era deputado da UDP à Assembleia Constituinte
 
O Américo Duarte, agora com 72 anos, alguma falta de saúde, mas sempre com a sua coerência de ideias e de eternos ideais, mantém-se atento à situação política do país e do mundo.
Recentemente o jornal Expresso (Revista N.º 2217 de 25 de Abril de 2015) reuniu os deputados constituintes e desenvolveu um trabalho jornalístico sobre a Assembleia Constituinte. Com alguns erros e imprecisões que foram objecto de um reparo por parte do Américo Duarte já que ele não foi convidado para estar presente. Esse é o direito que lhe assiste visto que foi deputado da UDP quase todo o tempo que durou a elaboração da Constituição da República Portuguesa. Sobre ele foi total o esquecimento quer do jornal quer da Senhora Presidente da Assembleia da República que resolveu colaborar com a iniciativa do Expresso e convidar mais alguns deputados constituintes, excepto o Américo Duarte que faz parte da Associação dos Deputados, de cuja estrutura recebe regularmente convites para participar noutras actividades promovidas por aquela associação.
A resposta que recebeu, num registo de azedume, não conseguiu explicar o inexplicável. Embora pertença à equipa do Expresso o critério editorial e a forma como resolveu abordar esse facto histórico, não deixa de ser criticável a forma como o fez. 


em casa de Américo Duarte consultando as várias páginas de registo das suas intervenções na AC em 1975

Convém frisar que o Américo Duarte não está a pôr-se em bicos dos pés, como aliás nunca o fez apesar das muitas vicissitudes por que passou. Apenas, como diz o ditado popular, “quem não se sente não é filho de boa gente”.


Para terminar uma curiosidade: Há uns anos atrás, confidenciou-me o Américo, que numa noite encontrou o Dr. Balsemão perdido na madrugada de Lisboa e que lhe terá servido de “guia” quando conduzia o seu táxi. O Expresso terá publicado um pequeno texto que reproduzo abaixo, não deixando de acautelar um pouco do “lirismo” do mesmo. De facto, quem conhece o Américo, estranharia que “ele caísse nos braços do Dr. Balsemão...”


Afinal o Dr. Balsemão conseguiu reconhecer o “colega deputado” só os jornalistas do Expresso e a Presidente da Assembleia da República é que já têm alguma dificuldade em reconhecê-lo ou procurá-lo nos registos.
Efeitos do “Novembrismo triunfante”?...