mas
nós não esquecemos aquele período tão feliz da nossa vida, mesmo
a viver em piores condições.
De
Abril de 1974 a Novembro de 1975 tudo aconteceu de rompante, como se
as horas fossem anos, tal era a velocidade dos acontecimentos.
Recordo-me
da alegria que se apoderou de toda a gente comum, das assembleias
infindáveis no bairro e na empresa, do conhecimento do país real e
da miséria e o atraso em que o fascismo o tinha mergulhado.
Desde
muito cedo acompanhámos a participação activa do Américo Duarte
nas mudanças que se exerceram no bairro, na freguesia de Queluz, na
LISNAVE e mais tarde na UDP, nos GDUP's e na OUT, estas duas últimas
saídas da candidatura do Otelo à Presidência.
Muito
haveria para recordar mas por agora ficamos por aqui. Quem sabe,
talvez qualquer dia comecemos a contar as recordações e os “restos”
dos documentos, histórias etc, para memória futura.
Isto
tudo a propósito do convívio recente que tivemos a oportunidade de
viver com o Américo Duarte, o primeiro deputado operário eleito
para a Assembleia Constituinte depois do 25 de Abril de 1974, e das
recordações que esse acontecimento nos trouxe, consequência de um
almoço de convívio de velhos companheiros de luta, principalmentede Queluz.
Américo Duarte com 31 anos
quando era deputado da UDP à Assembleia Constituinte
O
Américo Duarte, agora com 72 anos, alguma falta de saúde, mas
sempre com a sua coerência de ideias e de eternos ideais, mantém-se
atento à situação política do país e do mundo.
Recentemente
o jornal Expresso (Revista N.º
2217 de 25 de Abril de 2015)
reuniu os deputados constituintes e desenvolveu um trabalho
jornalístico sobre a Assembleia Constituinte. Com
alguns erros e imprecisões que foram
objecto de um reparo por parte do Américo Duarte já que ele não
foi convidado para estar presente. Esse
é o direito que lhe assiste
visto que foi deputado da UDP
quase todo o tempo que durou a elaboração da Constituição da
República Portuguesa. Sobre ele foi total o esquecimento quer do
jornal quer da Senhora Presidente da Assembleia da República que
resolveu colaborar com a iniciativa do Expresso e convidar mais
alguns deputados constituintes,
excepto o Américo Duarte que faz parte da Associação dos
Deputados, de cuja estrutura recebe regularmente convites para
participar noutras actividades promovidas por aquela associação.
A
resposta que recebeu, num registo de azedume, não conseguiu explicar
o inexplicável. Embora pertença à equipa do Expresso o critério
editorial e a forma como resolveu abordar esse facto histórico, não
deixa de ser criticável a forma como o fez.
em casa de Américo Duarte consultando as várias páginas de registo das suas intervenções na AC em 1975
Convém
frisar que o Américo Duarte não está a pôr-se em bicos dos pés,
como aliás nunca o fez apesar das muitas vicissitudes por que
passou. Apenas, como diz o ditado popular, “quem não se sente não
é filho de boa gente”.
Para
terminar uma curiosidade: Há uns anos atrás, confidenciou-me o
Américo, que numa noite encontrou o Dr. Balsemão perdido na
madrugada de Lisboa e que lhe terá servido de “guia” quando
conduzia o seu táxi. O Expresso terá publicado um pequeno texto
que reproduzo abaixo, não deixando de acautelar um pouco do
“lirismo” do mesmo. De facto, quem conhece o Américo,
estranharia que “ele caísse nos braços do Dr. Balsemão...”
Afinal
o Dr. Balsemão conseguiu reconhecer o “colega deputado” só os
jornalistas do Expresso e a Presidente da Assembleia da República é
que já têm alguma dificuldade em reconhecê-lo ou procurá-lo nos
registos.
Efeitos
do “Novembrismo triunfante”?...
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