No passado sábado, 14 de Novembro, estive com o meu amigo Reinaldo Nunes, na sede da G.R.E.S. Trepa no Coqueiro em Sesimbra para recordarmos aquelas fantásticas noites de samba, bossa e chorinho, vividas nos anos 80, na então "Catedral do Samba" chamada "Xeque-Mate", na falésia Sesimbrense.
As noites começavam invariavelmente com o "Saque Trio": Reinaldo Nunes no violão e voz, Nélinho nas percussões (tumbadoras, pandeiro e outros) e eu (Jaime) na viola baixo, mas às tantas juntavam-se espontaneamente inúmeros percussionistas das baterias das escolas de samba sesimbrenses. Recordo-me de alguns: Eduardo Maia, Paulo (o chinês), Mário Rui, Abdul, Zé Manel (Strogoff), Freitas... etc.
Era um espectáculo pela noite fora com casa sempre cheia, onde às vezes os criativos "bar-man", Almeida e Joaquim Manuel, nem tinham espaço para preparar os cocktails esplendorosos com que brindavam a clientela.
Da esquerda para a direita: "Mestre" Freitas, Armando, Nélinho (de costas), Reinaldo, Jaime e "Chinês".
Mais tarde, surge um brasileiro nordestino, "Dr." Morais, que era o rei do repique e tinha veia de letrista. Saravá Morais! onde quer que estejas. Grandes momentos vivemos com o impulsionador disto tudo, Reinaldo Nunes.
Confesso que aprendi muito com as harmonias da música brasileira. Eu, um seguidor dos Beatles, Beach Boys e tantos outros monstros do pop-rock, quando me apercebi das "voltas" da bossa e do chorinho, cresci tecnicamente como nunca. Não sendo nem de perto um músico de ofício, apenas conhecendo a escala do meu instrumento, aprendi a "desenrascar-me" na hora e criei a minha própria cifra que só eu entendo. Muitas vezes o Reinaldo olhava para mim e dizia: Jaime agora vamos tocar uma que nunca tocámos os dois... em Am! e lá saía eu na perseguição da harmonia que às vezes não era para brincadeiras. Saravá Reinaldo! Companheiro de acordes e de bem cantar, o português mais brasileiro de Portugal, como eu costumava dizer por graça mas com fundo de verdade. De facto o Reinaldo sabe mais da História da Música do Brasil do que muitos brasileiros. Também por essa razão, em 1988, teve o privilégio de desfilar na Escola de Samba do Salgueiro, em pleno sambódromo no Rio de Janeiro.
Uma formação invulgar. Da esquerda para a direita: Jaime no baixo, Armando (irmão do Reinaldo) no violão cantando, Reinaldo nas tumbadoras, Freitas no surdo e Nélinho no pandeiro.
Em 1989 eu e a minha eterna namorada desfilámos no "Trepa no Coqueiro". Eu na bateria ela na ala das baianas. O samba-enredo tinha por título "Minha Língua é Minha Pátria". Jamais esquecerei essa vibrante experiência. Quando o desfile acabou caiu uma carga de água. No Rio de Janeiro só se fosse de cachaça!
Em 1989 eu e a minha eterna namorada desfilámos no "Trepa no Coqueiro". Eu na bateria ela na ala das baianas. O samba-enredo tinha por título "Minha Língua é Minha Pátria". Jamais esquecerei essa vibrante experiência. Quando o desfile acabou caiu uma carga de água. No Rio de Janeiro só se fosse de cachaça!
Isabel
Jaime
Em 2015 o Reinaldo convidou-me para fazermos uma "viagem" àqueles tempos em duo, e assim foi.
Até as mesinhas do "Xeque-Mate" apareceram e a animação foi muito boa. Um reencontro de alguns amigos e amigas.
Até as mesinhas do "Xeque-Mate" apareceram e a animação foi muito boa. Um reencontro de alguns amigos e amigas.
Reinaldo Nunes e Jaime Pereira
O Reinaldo envergava orgulhosamente uma camiseta dos "Diamantes Negros" (Sintra) porque ele também foi um Diamante.
Dedico este registo, que fica para a posteridade, ao Reinaldo, à Malinha e às meninas do casal Cláudia e Carolina, talentosas e muito queridas. Não posso esquecer os muitos amigos e amigas Sesimbrenses com quem passei tantos carnavais divertidos em que nos deitávamos muito cedo... Lá para as 9 da manhã!
Um momento da actuação
E como era tradição o tema final pelo mestre e amigos:
S-A-R-A-V-Á!
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